Ipea projeta 4,3% de queda no PIB em 2020

Aumento no número de casos de Covid-19 no país é um fator de risco para a continuidade do processo de retomada econômica

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisaram a previsão de queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 5%, feita em setembro, para 4,3% neste ano. Na análise consolidada trimestral da conjuntura econômica nacional, o instituto observou que os níveis de desempenho da indústria e do comércio se encontram acima do período pré-pandemia. Para o ano que vem, a projeção de crescimento subiu de 3,6% para 4%. 

Mesmo com a melhora na expectativa de queda do PIB, o Ipea alerta que a evolução da curva de casos de Covid-19 pode ser um obstáculo para a continuidade do processo de retomada econômica.  O aumento recente dos casos e óbitos ocorreu na maior parte das regiões, mas afetou de forma intensa as regiões Sul e Sudeste. No caso específico do Sul brasileiro, os números de diagnósticos e morte por 100 mil habitantes atingiram em dezembro os maiores valores desde o início da crise sanitária. 

Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior, a pandemia é o principal fator de risco para as projeções macroeconômicas do País. “Especialmente em nível de atividade, os principiais riscos estão relacionados, primeiramente, à dinâmica epidemiológica da Covid-19, como também do ritmo e eficácia das políticas de vacinação em massa, e a política de consolidação fiscal. Temos desajuste fiscal que tem que ser tratado por meio de reformas. Essas reformas são essenciais para a retomada não só do ano de 2020, como dos anos subsequentes”, diz. 

O Ipea também revisou a taxa de inflação de 3,5% para 4,4% em 2020. A expectativa é de que os preços dos serviços encerrem este ano com uma variação positiva de 2%. Já os preços monitorados devem apresentar alta de 2,5%, e os bens livres (exceto alimentos) de 2,6%. Em relação ao ano que se inicia, a projeção de inflação passou de 3,3% para 3,4%.



Desafios para 2021

Segundo os pesquisadores, o desequilíbrio fiscal continua sendo um grande desafio para a economia brasileira. Com o aumento de gastos para reduzir os efeitos da pandemia de Covid-19, o déficit primário deve ser da ordem de 12% do PIB em 2020, levando a dívida pública para mais de 90% do PIB. Entre março e dezembro, o Executivo autorizou R$ 508 milhões para ações de enfrentamento à pandemia. Desse total, R$ 328,7 bilhões foram destinados a investimentos em assistência social. 

Na avaliação do economista e professor de Finanças do Ibmec do Distrito Federal, William Baghdassarian, o cenário econômico do Brasil em 2021 será de dificuldade. “No meu entendimento, haverá volta da inflação, a gente não consegue manter os juros baixos, o câmbio deve ficar pressionado. Crescimento baixo, ano que vem deve ser algo como 2%”, destaca.

Para Baghdassarian, a reversão do atual quadro macroeconômico brasileiro passa pela aprovação de reformas estruturantes no Congresso Nacional. “Para mudar isso, o Congresso precisaria aprovar uma série de reformas, que parecem não entrar no radar. Pelo contrário, vemos muito projeto sem muita importância e reformas como a administrativa e tributária, além do pacto federativo, acabam não sendo pautadas”, completa. 

Fonte: Brasil 61

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