Torcedor morre baleado após jogo do Palmeiras; agente penitenciário é preso

BIANKA VIEIRA, FÁBIO PESCARINI, MARIANA ZYLBERKAN E ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) –

Um torcedor do Palmeiras de 40 anos morreu após ser baleado no tórax nos arredores do Allianz Parque, na Pompeia, zona oeste da cidade de São Paulo, na tarde deste sábado (12). O crime ocorreu logo após a derrota do time alviverde para o Chelsea, por 2 a 1, na final do Mundial de Clubes.

Ainda próximo do estádio, o motoboy Dante Luiz Oliveira recebeu massagem cardíaca de um outro torcedor logo após o disparo, segundo o delegado César Saad. A vítima chegou com vida ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu.

Apontado pela Polícia Civil como suspeito de ser o autor do tiro, José Ribeiro Apóstolo Júnior, agente de escolta e vigilância da Secretaria de Administração Penitenciária, foi preso em flagrante. A arma era de uso pessoal.

O agente penitenciário ainda não tinha defesa constituída até a noite de sábado e alegou legítima defesa.
Segundo o delegado Maurício Freire, o preso afirmou que foi confrontado por torcedores que duvidaram que ele era palmeirense, foi perseguido, correu e, no desespero, disparou a arma.

O subcomandante do 4º Batalhão da PM, major Fábio Teodoro, afirmou que a briga entre torcedores e o tiro deram início a um tumulto no local onde palmeirenses foram assistir à final. Segundo o oficial, um homem teria corrido de outros em direção a um gradil que separava a PM da torcida alviverde. O rapaz que fugia, então, sacou a arma e baleou um homem no peito.

Depois do disparo, segundo o subcomandante, alguns indivíduos estouraram o gradil e partiram para cima de agentes da corporação.
“Para manter a segurança dos policiais, dos familiares e de outros que estavam aqui com crianças, a gente teve que intervir. Foi necessária a ação do Choque”, afirmou o major.

A polícia levou um veículo blindado para o local, que atirou jatos d’água contra a torcida para tentar conter a confusão. “Imagens serão analisadas para a identificação de outros envolvidos”, afirmou a Secretaria da Segurança Pública.

Também houve a prisão de um motorista que estaria bêbado e teria jogado o carro contra policiais militares. O nome não foi informado. Ao menos seis oficiais ficaram feridos, segundo o delegado.

Outro homem, de 48 anos, foi socorrido pelos bombeiros com fratura exposta na perna e levado à Santa Casa, em Santa Cecília, na região central.
Havia famílias e crianças no local quando o tumulto começou. Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas sobre os torcedores, e muitos tentaram se abrigar nos estabelecimentos que transmitiam o jogo. Todos eles fecharam as portas. O Palmeiras, por sua vez, abriu os portões da sede do clube na rua Palestra Itália para que os torcedores pudessem se refugiar.

A troca de bombas e objetos entre o Choque e os torcedores durou cerca de 25 minutos. Ao final do confronto, havia manchas de sangue por toda a rua Caraíbas, para onde o conflito se afunilou.

Três policiais sofreram cortes durante o confronto e ao menos dois carros da PM foram apedrejados, segundo a corporação. O comando de operações da PM instalado no local disse no fim da tarde de sábado que não tinha informação de outros feridos, mas que viaturas do Samu foram chamadas por torcedores e donos de estabelecimentos.

A reportagem viu um homem ser colocado em um carro de resgate, mas a polícia não permitiu a aproximação ou deu mais informações. Ele teria levado um tiro de bala de borracha na canela.

Imagens exibidas pela TV Bandeirantes mostram brigas entre palmeirenses. Em uma das cenas, um torcedor leva um soco, cai e recebe chutes na cabeça.

Minutos antes do final da partida, uma pequena bomba foi lançada em direção ao contingente da Polícia Militar que estava em frente ao Allianz Parque, na altura da rua Caraíbas, atrás de grades de proteção.

Alguns integrantes de torcida organizada pediram calma aos colegas, tentando evitar confusão maior.

BLOQUEIO
A rua Palestra Itália foi cercada por cordões de policiais militares após o confronto. A passagem pela via só passou a ser permitida para quem desejava deixar o local.Após a confusão, o clima na região foi tranquilizado e alguns torcedores voltaram a se reunir em frente a estabelecimentos em ruas próximas.

TRISTEZA
O clima de festa na rua Palestra Itália, especialmente após o gol de empate do Palmeiras no tempo regulamentar, deu lugar a torcedores calados e irritados ao longo do segundo tempo da prorrogação. Quando a derrota para o Chelsea começou a ser dada como certa, alguns dos presentes passaram a xingar o zagueiro Luan, que cometeu o pênalti decisivo.

Outro grupo entoava o nome do jogador em coro, celebrando sua atuação.
​Encerrada a disputa com o Chelsea, diversos torcedores começaram a deixar o local, cabisbaixos. Muitos choravam.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *